quinta-feira, 3 de março de 2011

Portugueses não gostam de comboio.





PORTUGUESES NÃO GOSTAM DE COMBOIO.

Duas décadas de aposta em auto-estradas e fechos sucessivos de linhas de comboio fizeram com que Portugal perdesse, durante este período, 99 milhões de passageiros de caminhos-de-ferro. Dos 231 milhões de viagens de comboio realizadas em 1988, passou-se para 131 milhões em 2009, uma redução de 43 por cento. Este número ilustra, de forma clara, o que tem sido a evolução do uso da ferrovia em Portugal, em contraponto claro com aquilo que se passa na maior parte dos outros países europeus.
Recentemente, foi retirado o serviço ferroviário regional em mais 138 quilómetros de vias-férreas, depois de, no ano passado, se terem encerrado 144 quilómetros de linhas (com a promessa de reabilitação que não aconteceu). Este acto de gestão é defendido como uma forma de reduzir o défice da CP. Assim, o número de passageiros por quilómetro percorrido era de 6 milhões em 1988, baixou para 5,6 em 1991 e é agora de 3,7 milhões.

Dito de outra maneira, enquanto em 1989 cada português fazia uma média de 22 viagens de comboio por ano (em termos absolutos), hoje só faz dez. Os números do Portugal do betão e do alcatrão são significativos: o pequeno país periférico tem 20 metros de auto-estrada por Km² contra 16 metros que é a média europeia. Mas na rede ferroviária só possui 31 metros por Km² contra 47 metros da média da União Europeia.

Fotografias Zito Colaço